QUAL O RETRATO DA GERAÇÃO Z NO MERCADO DE TRABALHO?

Busca por autonomia ou mimados em potencial? Inovadores, criativos ou jovens com falta de contato com o mundo
real do mercado de trabalho? A Geração Z, ou os nascidos entre os anos de 1995 e 2010, vêm confrontando opiniões
no mundo corporativo e gerando a grande dúvida: como lidar com este novo perfil de jovem profissional?

Por Stella Bousfield | Foto Banco de Imagens e Enviadas pelo cliente

 

De um a três meses. Esse é o tempo atual de permanência de um integrante da Geração Z em um emprego. Quem compartilha a informação é a gestora de RH do Grupo Select, Bianca Alves. O fato que ela nos traz confirma os dados do relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW, que mostra como a GenZ tem sido caracterizada pela falta de comprometimento e impaciência na carreira. Mas as características percebidas neste público vão muito além.

Bianca Alves

Bianca analisa que estes jovens têm chegado à agência com a mesma demanda: não sabem o que desejam profissionalmente, mas querem chegar lá rapidamente. Também almejam bons salários, mas acima de tudo: ter flexibilidade de horário. “Antes, eles se adequavam à jornada de trabalho, agora parece que é o trabalho que tem que se adequar a eles. São jovens com falta de comprometimento, falta de estabilidade e falta de visão profissional. Eles não sabem o que desejam fazer”, desabafa. Quando questionada sobre o porquê desta mudança profunda no perfil dos novos trabalhadores, a resposta é incisiva: “Os pais têm muita influência sobre a decisão dos filhos, principalmente no início da trajetória profissional, recebemos muitos feedbacks de que quando o filho não se adequa ao trabalho, alguns pais são os primeiros a incentivá-los a buscar algo que faça sentido. Mas no início da carreira profissional, nem sempre vai ser sobre
fazer sentido ou não”. Segundo a gestora, os genitores poderiam ajudar a narrar uma história diferente. “Tudo começa pelo incentivo dos pais, que poderiam ajudar a procurar uma área que o filho goste, a ensinar que tudo começa pelos cargos mais simples para, então, ir evoluindo”, comenta. Bianca acrescenta que os jovens não aceitam começar “por baixo”. “60% da população vai procurar algo que faça sentido ao longo de sua jornada profissional, mas no início da carreira nem sempre tudo vai ser sobre fazer o que sempre sonhou”, garante.

Diogo Antelo Imbassahy de Mello

QUALIDADE DE VIDA E CONFLITO DE GERAÇÕES

Por outro lado, Bianca considera que a Geração Z oferece um grupo de diferenciais que vêm somando muito às instituições. “De uma forma bastante positiva, estes jovens têm também a mente aberta para o desenvolvimento profissional. Se eles entenderem a importância da estabilidade, terão muitas portas abertas no futuro”, garante.

Esta dica já é uma realidade para o líder técnico e engenheiro de software, Diogo Antelo Imbassahy de Mello, 26 anos. Contrariando muitos colegas de sua geração, ele busca a estabilidade em suas propostas de emprego. Ao lado deste requisito, está a qualidade de vida, um ponto também bastante visado pela Geração Z. “Busco tanto um salário bom quanto um bom ambiente de trabalho e cultura que respeite o equilíbrio de vida profissional e pessoal”, afirma. Assim como ele, muitos colegas de profissão têm valorizado a questão de saúde física e mental, o que incentiva as organizações a oferecerem pacotes de benefícios mais generosos e abrangentes para os colaboradores, como nutricionistas, psicólogos, etc. “É preciso trazer resultados para a empresa, mas não às custas da saúde e felicidade dos colaboradores”, considera.

Na opinião de Diogo, as propostas da Geração Z vêm sendo bem absorvidas pelo mercado. Ele conta que, por exemplo, o conflito de gerações não é problema por oferecer capacitações e treinamento de liderança voltados ao tema. “O conflito geracional nas empresas tem sido abordado de maneira a entender as diferenças e particularidades das gerações dos colaboradores. Visando, então, encontrar um modo de gerir times que tenham diferentes gerações trabalhando juntos, como podemos abordar cada uma delas e como gostam de ser avaliadas, receber feedbacks, receber críticas, tipos de treinamentos mais eficientes, entre outras coisas. Assim como os possíveis conflitos que podem nascer desse relacionamento entre gerações”, compartilha.

Luís Andrade

A GERAÇÃO Z É NECESSÁRIA

O diretor de marketing da Hangar Digital, Luís Andrade, vê com bons olhos a convivência entre as gerações. “Na minha opinião, além de ser muito proveitoso, é também necessário. As habilidades e visões de mundo de diferentes gerações atuando em uma mesma empresa, colaboram para um resultado final muito melhor. Ninguém quer uma equipe inteira pensando igual, é preciso diversificar”, acredita. Sobre a Geração Z, ele diz sua presença ser muito bem-vinda. “Não conseguimos acompanhar as mudanças com tanta velocidade, ter profissionais tão jovens no time nos ajuda a pensar diferente e explorar novos caminhos”, comenta.

Segundo Luís, o principal desafio de liderar pessoas de gerações diferentes da sua é a comunicação. “Tenho a sensação de que é necessário mais cuidado na hora de passar feedbacks, especialmente negativos, para os profissionais da Geração Z em comparação com os Millennials. Na minha visão não é algo negativo, faz parte da sociedade evoluir de geração em geração, mas é desafiador”, pontua. Um segundo desafio é reter este perfil de jovem, que busca mais flexibilidade. Como resposta, a empresa vem propondo um modelo híbrido com horário diferenciado. “O mercado exige profissionais mais multidisciplinares e isso é natural nos jovens da Geração Z, nessa parte acredito que eles agregam bastante para qualquer empresa. Estão aprendendo coisas novas constantemente e gostam muito de criar”, conclui.

PONTOS POSITIVOS
· Criatividade e inovação;
· Conectividade tecnológica;
· Mentalidade empreendedora;
· Multitarefas;
· Empoderados.

PONTOS NEGATIVOS
· Dependência excessiva da tecnologia;
· Baixa tolerância à frustração e falta
de comprometimento;
· Desprendidos;
· Dificuldades de etiqueta.

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