Como gestora de captação de recursos para projetos culturais, Elisângela Hellmann desenvolve um trabalho brilhante, que vem permitindo uma transformação social única para muitos catarinenses. Por outro lado, a empreendedora está estruturando a Vin Et Élégance, marca que nasceu para promover experiências inesquecíveis para quem aprecia elegância e alto padrão como estilo de vida.
Fotos Adry Bregalda

A empreendedora Elis Hellmann
Eu conheço a Elis há uns quatro anos e ela sempre foi para mim um ícone de elegância impecável e alegria contagiante, o que na verdade acabaram se tornando suas marcas registradas. É conhecida como Elis pelos mais íntimos, mas profissionalmente é Elisângela Hellmann, uma empreendedora que se tornou sinônimo de excelência na gestão de projetos culturais em Santa Catarina. Nós temos uma parceria de longa data, ela já estampou matérias na Revista DUO, mas agora eu vou contar um pouco mais a fundo a trajetória desta garota que já passou por poucas e boas na vida, mas sempre deu a volta por cima, aprendendo, acima de tudo, a reconhecer o seu papel e missão no mundo.
Vamos voltar um pouco no tempo, lá no final da década de 1990, quando Elis ainda finalizava, em Florianópolis, a graduação em Administração com habilitação em Marketing pela faculdade ÚnicaESAG. Ainda estudando, a menina prodígio já atuava como secretária executiva na maior agência de eventos do Sul do Brasil. Fazia parte da sua rotina organizar a produção de grandes eventos nacionais, como Caetano Veloso, Michel Teló (até então integrante do Grupo Tradição) e Lenine, entre tantas outras estrelas da música brasileira. Ela acabou se interessando pelas leis de incentivo à cultura, o que a levou a escolher o tema Marketing Sociocultural para a monografia do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Resolutiva como sempre, bateu na porta da Fundação Catarinense de Cultura em busca de novos caminhos profissionais, uma vez que a vida entre os palcos já lhe parecia um tanto desgastada. “Sem nenhuma indicação, eu fui diretamente ao setor de lei de incentivo e fui prontamente atendida pelo Doutor Sinval Santos da Silveira. Conversamos por três horas e desse bate-papo saiu o convite para eu começar logo no dia seguinte com a missão de ser o seu braço direito”, relembra.
A experiência foi um divisor de águas na vida de Elis. Sob as bênçãos do mentor, foi secretária executiva com a tarefa de realizar todas as deliberações, aprovações e direcionamentos das leis de incentivo à cultura do estado, isso ao mesmo tempo em que redigia sua monografia, a primeira em Santa Catarina a falar sobre o tema marketing cultural. Imersa neste universo, Elis montou o fluxograma para desenvolver o sistema da Lei de Incentivo à Cultura do nosso estado, no começo dos anos 2000.
DESCOBRINDO
O OESTE Em um momento próspero de sua vida, teve que tomar uma difícil decisão. O noivo, que cursava agronomia na capital catarinense, passou em um concurso. A vaga era para São Lourenço do Oeste, uma cidade na região de Chapecó atualmente com um pouco mais de 24 mil habitantes. E agora? Decidiu pelo coração, e já na primeira visita para conhecer a cidade voltou empregada. Sabendo do seu know-how cultural, o saudoso Angelo Fantin, proprietário da indústria de alimentos Parati, a convidou para atuar como secretária executiva na associação comercial do município, onde, sob a presidência de Ernesto João Reck, atendia aos núcleos setoriais da entidade. Em paralelo, sempre era envolvida nas questões culturais, tendo criado o Instituto Cultural de lá. Também daria apoio nos projetos Moleque e Guri Bom de Bola, desenvolvidos pela Parati. Ela aceitou o convite e foi muito bem recebida por todos. Acha pouco? Também recebeu convite do secretário estadual João Carlos Ecker para integrar a equipe de planejamento estratégico que integrava o plano de desenvolvimento regional, tendo atuado em doze municípios da região. Para ampliar os seus horizontes na área, contou com a capacitação do estado, do Sebrae e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Mesmo com todo apoio, ela sentia que aquele mundo não era para ela. Percebendo que poderia perder o grande talento, o Sr. Angelo lhe fez uma nova proposta: abrir sua própria empresa, trabalhar por seis meses em casa e ajudar a abrir os institutos culturais da região. Foi o empurrão que precisava para abrir a sua empresa, a Realise, nome sugerido pelo próprio Sr. Angelo.
Enquanto a vida profissional prosperava, a amorosa não ia muito bem. Rompeu o noivado, mas decidiu permanecer em São Lourenço do Oeste. Este foi um momento de decisão: ou continuava seus projetos ou daria um novo rumo à sua história. “Eu não via perspectiva do que iria acontecer na vida pessoal. Na verdade, ainda não entendia toda a dimensão da Realise. Tudo era muito incerto”, comenta.
ATUALIZAÇÃO CONSTANTE
Para realizar este importante trabalho de forma cada vez melhor, Elis fez especialização em Gestão de Pessoas e Negócio e também Captação de Recursos, momento em que sentiu um novo despertar: era preciso passar da execução para a gestão de projetos. Novas possibilidades também surgiram com a realização do MBA em Gestão de Projetos. “Naquele momento, eu entendi melhor o que estava fazendo, criei um propósito definitivamente: conscientizar o maior número de empresas para investir em um maior número de instituições para ajudar o maior número possível de pessoas”, orgulha-se. Ela conta que através destas atualizações, conseguiu construir o método de gestão que a orienta até hoje na Realise. Com este novo olhar, em 2012 ela foi convidada pelo fundador da Havan e pelo diretor e consultor de marketing e serviços, Claudio Fraga, a estruturar o setor de projetos culturais da empresa. Neste tempo, também já atendia a Tirol e outras grandes marcas que a acompanham até hoje. Trilhando o caminho certo da sua vida profissional, Elis viveu novos rumos. Conheceu um outro alguém especial e mudou-se para Navegantes, deixando para trás um passado de dez anos de grandes conquistas no oeste catarinense. “Eu acredito que fui uma desbravadora que abriu um portal para as leis de incentivo à cultura em Santa Catarina, uma peça importante de orientação e informação”, pontua.
O INÍCIO DA VIN ET ÉLÉGANCE
Depois de morar no litoral catarinense por dois anos, Elis mudou-se para Joinville após sua separação. Viveu aqui até 2022 (depois acabou voltando para Itajaí), mas ainda mantém aqui um escritório. Ela diz que um dos principais legados de sua passagem pela cidade foi a criação da marca Vin Et Élégance, voltada para experiências de alto padrão para um público seleto. “A Vin Et Élégance tem a intenção de atender homens e mulheres que sabem o que querem, que escolhem e vivem pelos detalhes”, explica. O passo seguinte foi entender melhor este público. Com esse objetivo, contratou fotógrafos para registrar e transmitir a essência de sua marca, além de mentores em mercado de luxo, como Claudia Brandão, que a ajudou a estrutura a Vin Et Élégance como um projeto que proporciona experiências de alto estilo, através de perfumes, vestuário, viagens exclusivas, cursos de etiqueta, entre tantos outros projetos. Uma de suas primeiras iniciativas foi a criação de uma coleção de roupas que obteve grande destaque. Agora, está investindo em uma essência olfativa. Por indicação de Claudia Brandão, Elis encomendou a fragrância personalizada a uma perfumista de renome no mercado. “Eu disse a ela que gostaria de um perfume inspirado nas essências English Pear, da marca Jo Malone e Chance Chanel, lançando o desafi o da fragrância apresentar uma nota diferenciada de vinho”, destaca. O resultado é uma essência sofi sticada com notas que retratam elegância, requinte, leveza, feminilidade, bom gosto, elaborada a partir de matérias primas raras e nobres. “É um cheiro para viver uma experiência, remeter a sensações maravilhosas e marcar os bons momentos da vida com uma boa taça de vinho”, sugere Elis.
PRODUTOS SOFISTICADOS
Para o futuro, uma das expectativas da empreendedora é criar experiências diferenciadas no mundo da enologia. “Eu quero muito desenvolver um curso de sommelier e criar uma edição limitada de vinho feito a partir de cortes diferenciados”, sonha. Seja à frente da Realise ou da Vin Et Élégance, Elisângela Hellmann quer oferecer experiências que transformem a vida dos públicos que impacta. Na empresa de produtos e serviços de sofisticação, por exemplo, tem como um dos objetivos valorizar a autoestima das mulheres. Já no segmento de projetos, busca uma nova consciência empresarial que entenda a importância dos projetos culturais para a empresa e sua influência para a sociedade, missão que é compartilhada por Elis e sua equipe. “Nós queremos identificar os projetos que ajudem o maior número de pessoas, porque a Realise é isso: é responsabilidade, é trabalho, mas, acima de tudo, é amor incondicional. Como seres humanos, estamos aqui para uma evolução, para fazer a diferença na vida”, define com a certeza de que sua atuação será essencial para fazer um futuro muito melhor para todos nós.